BRASILIA: Dilma já faz as malas e quer saber quantos assessores vai poder usar enquanto impeachment é julgado
A poucos dias de deixar o gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto – se confirmado o afastamento em razão do processo de impeachment que tramita no Senano Congresso –, a presidente Dilma Rousseff alterna momentos em que fica mais reflexiva com outros, mais frequentes, as habituais explosões de impaciência com quem está a seu lado.
Assessores do Planalto avaliam a legislação para saber como deve ser o ato em que ela receberá a notificação do Senado, caso seja confirmado seu afastamento – se será ou não uma cerimônia aberta, como foi no caso de Collor (cena registrada e amplamente exibida em que ele olha no relógio antes de assinar a notificação); e, também, por onde ela sairá – se pelo elevador privativo ou se descerá a rampa. Até aqui, não há previsão de que familiares estarão com ela nesse momento.
A presidente está consciente da situação política que vive. Ela já retirou caixas com papéis do gabinete presidencial. Despachou tudo para o Palácio da Alvorada, onde pretende ficar durante o período de afastamento, de até 180 dias.
É lá que prepara o que no Planalto está sendo chamado de "QG da Resistência". Segundo pessoas próximas, apesar de muitas evidências, Dilma dá indicações de que acredita que exista a possibilidade de voltar ao cargo. "A luta continua", brinca um funcionário do Planalto.
Nos momentos em que demonstra maior irritação, Dilma cita o vice Michel Temer, a quem chama internamente da mesma forma como já tem feito publicamente – de "conspirador". E diz que o que mais dói é o fato de ser afastada para dar lugar a Temer e Eduardo Cunha, a quem atribui o papel de seu algoz.
Nestes dias finais, pelo menos toda a semana que vem, Dilma terá cerimônias no Palácio do Planalto em diversas áreas. Vai apresentar o Plano Safra e o Plano Agrícola na semana que vem; um balanço do programa Mais Médicos; e a política indigenista.
É claramente uma agenda de balanço de governo. Na quarta-feira, Dilma deve receber a tocha olímpica, como símbolo das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
"Aqui, já virou a chave", disse um assessor com muitos anos de experiência no Palácio do Planalto. Ele quis dizer: está tudo pronto para a saída de Dilma e para a chegada do vice Michel Temer.
A esta altura, Dilma e mais próximos querem saber qual a estrutura administrativa a que ela terá direito como "presidente afastada" – afinal, mesmo se confirmada a decisão do Senado de afastá-la por até 180 dias, Dilma não terá perdido o mandato.
Alguns fazem a analogia com a estrutura dada a ex-presidentes da República – um total de oito assessores. Outros dizem que ela poderá se valer de outras coisas da estrutura do poder. A grande dúvida é se ela poderá usar ou não o avião presidencial.
Essa pergunta foi feita a Renan Calheiros na conversa que tiveram na terça-feira. No momento em que o Senado notificá-la da decisão de afastamento do cargo, o Senado é que deve definir a estrutura administrativa a que ela terá direito.
O uso do avião presidencial é um dado importante porque os petistas querem organizar manifestações e atos em defesa de Dilma e estrutura do partido.
O já esperado afastamento de Dilma suscita algumas discussões entre assessores mais próximos: ministros citados na Operação Lava Jato, por exemplo, perderão o cargo e a prerrogativa de foro.
Assim, vão precisar contratar advogados para fazer sua defesa junto à Justiça em Curitiba – que já se mostrou mais célere do que o Supremo Tribunal Federal.
O PT, por exemplo, faz uma avaliação de seu caixa para saber se poderá custear despesas da presidente afastada e dos ministros que precisarão advogado. O partido, segundo pessoas próximas, não teria se preparado para uma situação como essa.
Fonte: blogchicoferreira
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